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Caros amigos, leitores e colaboradores,
Ainda hoje existe muito boa gente que quando pensa e fala sobre forcados estabelece uma associação directa ao seu arquétipo ou seja, a um conceito Marialva da figura do forcado.
O Marialvismo como conceito terá surgido com o 4º Marquês de Marialva, D. Pedro José de Alcântara, autor de um método de equitação com o seu nome e que fez furor. Daí que o Marialvismo esteja associado Historicamente à fidalguia, a cavaleiros exímios, vestidos a rigor e apreciadores de touros e cavalos com uma vivência ociosa e mundana em que o fado era por excelência o género musical dilecto.
Terá sido através destas reminiscências que chegou até nós uma estirpe especial de criaturas que não sendo fidalgas (na sua maioria) se arrogam a tal, pela atitude sobranceira com que presenteiam os restantes indígenas. Evoluíram ao nível da indumentária uma vez que só esporadicamente se vestem de cavaleiros, persistem no entanto em assumir um modo de vida ocioso, mundano e acima de tudo, fútil. Uma vida do caraças!
Obviamente que não tenho nada contra toiros, cavalos e fados, tudo pelo contrário. Mesmo em relação ao desfrutar dos prazeres que estes ambientes proporcionam, nada a opor.
O que está em causa não é o uso, é o abuso, não é passar por momentos desses na vida, é fazer deles modo de vida. O que está em causa é que ao invés de mentalidades anacrónicas (desfasadas no tempo), desprovidas de conceitos morais e intelectuais interessantes, os forcados são e devem ser hoje, como o foram em certa medida no passado pessoas esclarecidas e morigeradas, ou seja, exemplos de vida sustentados em princípios morais.
Declino portanto totalmente esse conceito erróneo que infortunadamente ainda vai persistindo acerca da figura do forcado, alimentado principalmente pelos detractores da festa brava e direccionado para os poucos inteirados acerca do meio. Politica portanto!
Contudo não pretendo deixar a ideia que os forcados amadores são uma espécie de meninos de coro. No GFA de Caldas da Rainha são jovens, na sua maioria estudantes ou trabalhadores que terminaram os seus cursos superiores e que para além disso ambicionam vivências desassombradas e extraordinárias. A uma certa propensão gregária, adicionam-se personalidades evidentemente distintas, mas com denominadores comuns.
São na realidade os valores partilhados, as regras de convivência, que devem ser profusamente difundidos no grupo tendo como base a sua carta nobre e os seus estatutos (no caso do GFA de Caldas da Rainha) por forma a evitar arbitrariedades ou induzir nos observadores interessados a sensação de que situamos o relacionamento interno a um nível tácito e abstracto.
De forma a exemplificar a objectividade apregoada gostaria de fazer um breve exercício de análise utilizando para o efeito os posts publicados neste blog até ao momento e a que todos os distintos leitores poderão facilmente ter acesso:
1. Várias foram as manifestações de valorização da atitude do nosso amigo Fred que após ter despido a jaqueta e que em momento de inusitada necessidade do seu grupo voltou a vesti-la, disponibilizando-se generosamente a dar o seu contributo. Abnegação, amizade e colocação dos interesses do grupo acima dos seus próprios interesses é o caso vertente.
2. Na sua última intervenção o Luis Miranda reconhece que cometeu erros técnicos na cara do toiro que pegou na Nazaré. Surpreende pela humildade com que corajosamente nos presenteia com a verdade, reiterando a sua motivação para fazer mais e melhor e não abdicando de transmitir a satisfação incomensurável que para si significou ter sido chamado a essa responsabilidade, tratando-se como sabemos de um forcado eminentemente ajuda.
3. Foram referidos exemplos como o do Bernardo Alonso, que relembro, na tourada de São Mamede foi seis vezes á cara de um toiro até concretizar a pega, sendo que a partir da terceira tentativa ficou visivelmente diminuído com costelas partidas. Relembro o exemplo do Nuno Serrenho e do Francisco Calado que na pega do mesmo toiro, o primeiro partiu a clavícula na segunda tentativa e o segundo, assustou-nos com um problema na coluna vertebral. O toiro foi pegado á quinta tentativa na praça da Nazaré. São exemplos maiores de determinação e coragem pessoal, como aliás sobejamente a vida o exige.
4. Gostaria ainda de valorizar o ambiente de diversão e bem-estar que não sendo a causa de tudo o que vem sendo referido é sim a sua consequência. A cereja em cima do bolo. Nos posts apresentados verificámos esta realidade pela harmonia, pela partilha cúmplice de opiniões e claro, pelos inevitáveis gracejos provocatórios oportunamente aventados.
Estes são apenas alguns dos exemplos passíveis de serem apresentados no universo de vivências de um grupo de forcados que herda sem complexos o que de melhor a história deste meio lega, e simultaneamente encara o futuro com o sorriso confiante de quem sabe que a vertente humanística é a via da eternização.
Naturalmente que como em tudo na vida as discrepâncias de opiniões também existem num grupo de forcados, razão para apelar uma vez mais e sempre, aos valores, como busca da verdade (divisa do GFA de Caldas da Rainha). Depois de encontrada, é imperativo o exercício de humildade para que o grupo se manifeste sempre em uníssono.
Como dizia Confúcio à 2500 anos a humildade é o sólido fundamento de todas as virtudes.
Fácil? Não, de todo
No entanto sei que Camilo Castelo Branco era pragmático quando afirmava Os dias prósperos não vêm por acaso. Nascem de muita fadiga e muitos intervalos de desalentos.
Passo a batata quente a alguém que afirma que não admite que haja outra pessoa no grupo com pior feitio que ele: o nosso mui querido amigo Bernardo Alonso.
Um abraço cordial.