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Sexta-feira, 18 de Janeiro de 2008

Batata Quente - Nuno Morgado

Entender o Forcado
 
Se nos perguntassem a razão pela qual pegamos, no caso dos que estão no activo, ou porque pegámos, no caso dos que já não pegam, o que responderíamos?
 
 O que é que existe no Grupo de Caldas da Rainha que leva um jovem a cometer a loucura de se colocar à frente dos toiros? De ficar anos a fio ligado a esta experiencia, ansioso pelo próximo encontro, pelo próximo treino, pela próxima corrida?
 
 A resposta mais imediata, o factor que instantaneamente liga, é o ambiente que se vive no nosso Grupo. Há um ambiente de sã diversão, de respeito sincero que cativa de imediato. É normal impressionar quem chega de novo. Nunca vi! Dizem eles.
 
É pois natural que se queira voltar, que se queira repetir a experiência, que se queira conhecer melhor. Volta-se, ganha-se confiança, vai-se conhecendo melhor quem está, e aos poucos vão nascendo amizades. Deste modo, à experiencia gratificante do ambiente vai-se juntando um dos mais belos sentimentos humanos. Ligamo-nos ao Grupo pelo sentimento único da amizade. Não é por acaso que na antiguidade clássica, os gregos representavam simbolicamente a amizade por dois corações envoltos numa corrente.
 
Com o tempo, com os treinos, com a experiência no tentadero, vai-se ganhando à-vontade, aprendendo a técnica, dominando o medo, experimentando a emoção de, em Grupo, dominar o animal, conseguir fazer algo que é difícil, que só alguns fazem…pegar.
 
Entrementes arranja-se a farda, faz-se exercício, vêm-se os vídeos do Grupo, fala-se com um e com outro sobre os detalhes da pega, sobre a postura em praça. Criam-se as condições para poder representar o Grupo em praça. Quer-se experimentar a emoção maior, a excelia experiência de pegar um toiro. E há um dia em que na fardamenta o seu nome é proferido entre os eleitos. Por toda a vontade revelada, pelo carácter patenteado, pelo amigo que é, é-lhe concedida a honra de vestir a jaqueta do nosso Grupo... pela primeira vez.
 
Aí, junta-se à experiencia do ambiente e ao sentimento da amizade, a emoção única de pegar. Dar o seu contributo para dominar o toiro. Percebe então que, neste contexto do seu Grupo, com estes amigos, é capaz de dominar o medo, é capaz de enfrentar o toiro. Isto dá-lhe uma sensação de auto confiança que nunca tinha sentido. Sente o reconhecimento de uma série de pares que lhe são caros, sente-se mais integrado, percebe que contam com ele, e tudo isto, fá-lo crescer. Estas novas qualidades fortalecem-lhe a personalidade.
 
Durante este tempo que já tem de Grupo, vai percebendo que aqui não basta fazer, é preciso fazer bem. Não basta pegar, é preciso pegar à primeira, com arte, elegância e nobreza. E acima de tudo, é preciso pegar sempre, venha o que vier. Na verdade, os toiros já estão pegados no momento em que o Cabo aceita uma corrida. Só ainda não se sabe como foram pegados. Esta consciência aprofunda-se quando começa a fardar-se. Olha para os amigos que já têm muitas provas dadas e admira-os, toma-os por referência e interroga-se, como conseguiram? Tanta generosidade! Será que estou à altura?
 
 À medida que vai experienciando o seu o tempo de Grupo, vai percebendo que existe mais família para além da família, e por razões algo ininteligíveis, conclui que a alegria escolheu o Grupo de Caldas da Rainha para habitar.
 
Antes de uma corrida, e em particular das que se adivinham mais sérias, nas suas orações integra um forte sentimento de gratidão pelos dons da vida e da saúde, que antes não valorizava tanto. O medo e o risco levam-no mais próximo de Deus.
 
Para além do ambiente, da amizade, das emoções, de uma personalidade fortalecida, vai descobrindo na cultura de Grupo, uma cultura de valores. Desde logo a Verdade, lema do Grupo, mas como este tantos outros como a lealdade, a solidariedade ou a família, tudo isto valores omnipresentes na vida do Grupo. Sente que tudo isto tem sentido, identifica-se com tudo.
 
Como se tal não bastasse, reconhece o muito que vai aprendendo. Aprende a confiar nos outros, vale a pena confiar, dão-se passos mais longos. Aprende a importância de fazer em união, em equipa, de forma organizada. Aprende que não desistimos daquilo em que acreditamos e que é importante. Aprende que o sucesso é consequência do mérito e que este nasce na cultura do difícil. Aprende que o todo, quando coeso, é maior que a soma das partes. Aprende que é possível ir muito mais longe se agirmos animados por uma causa maior que nós.
 
Todas estas vivências, aprendizagens e experiencias moldaram a sua a atitude, mudaram a sua personalidade, marcaram o seu carácter. Já não é a pessoa que era. E um dia, numa corrida, quando não espera, sai um daqueles toiros que exige o sobre-humano. A situação é da maior seriedade, a praça inteira expectante, todos percebem o que ali está. É nestas alturas que se vêm os Grupos, é nestas alturas que se vêm os Forcados. E com uma determinação que nem sabia existir nele, voluntaria-se. O seu ânimo é contagiante, espalha-se, contagia tudo e todos. O toiro mede-o, recusa-se, e por fim, com o Forcado em terrenos menos próprios, arranca-se. Fecha-se e o Grupo entrega-se a ajudar com a mesma determinação pela qual todos se deixaram contagiar. E com espectacularidade e arte resolve-se o problema. O público delira. De onde saíram estes rapazes? Que espectáculo! Uma vez rematada a pega, a reacção do público fá-lo perceber...o Grupo mais uma vez saiu prestigiado, resolveu um problema sério. Mas percebe também que naqueles momentos decisivos...não foi ele. Foi o Grupo em si. Aquela capacidade é algo que não pertence ao indivíduo, é pertença exclusiva do colectivo. Nestes momentos difíceis, esta força nasce nos espíritos nobres, vem de dentro, não se explica, Vive-se. É experiência privilégio dos Grupos grandes, daqueles que verdadeiramente enriquecem quem neles pega.
 
 
“Os Grupos é que fazem os Forcados, e não os forcados que fazem os Grupos.”
 
 
 Antes de entregar a batata quero dizer que independentemente do muito que possamos gostar do nosso Grupo e que possamos valorizar o forcado, a decisão de pegar é uma decisão muito pessoal, compete a cada um, pertence a cada um. E é-o pela sua seriedade, pelos riscos que implica e pelo impacto que tem na vida de quem decide ser forcado.
 
Por causa da seriedade da decisão, e em particular do risco, não seria legítimo a alguém afirmar que vale ou deixa de valer a pena pegar. Como tal, não se pretende com este texto justificar, apenas reflectir, contribuir para entender o forcado.
 
 Entrego a batata ao José Sousa Dias.
 
 
 Um abraço amigo,
 
 
 Nuno Gonçalves Morgado
publicado por osmaioresdisparates às 15:45

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20 comentários:
De Gonçalo Ribeiro a 25 de Janeiro de 2008 às 15:43
Sinceramente gosto de entrar neste tipo de debate, sobre um tema como a Festa de Toiros que sempre carregou consigo tantos sentimentos, os quais inúmeras vezes são extravasados para além dos limites da lucidez, tal é o sangue-quente que tanto caracteriza quem cá anda. Muitos o sentem, muitos fingem que o sentem, mas isso acontece em qualquer actividade que possa arrastar mediatismos, opiniões-publicas e acima de tudo quando é enorme a quantidade de pessoas envolvidas num só centro, como neste caso pode ser a figura do toiro, do forcado, enfim, tudo o que os rodeiam.

Entrei neste site porque apareceu-me na pesquisa do Google e depois de ler vários textos fiz um comentário simples. Logicamente que não quis mudar opiniões ou maneiras de ser, nem isso seria de esperar por parte de ninguém. Depois quando começam debates há sempre os que têm argumentos e respostas e os que não têm. Enfim, pelo que referi em cima, estes temas são sempre delicados quando se defendem opiniões acerrimamente. Devo dizer que gostei das respostas do Nuno Gonçalves e do Frederico. É nestas situações que se nota o respeito pelas opiniões contrárias e também a boa educação das pessoas. Com isto não quero dizer que os outros também não tenham essas qualidades, até porque não conheço ninguém pessoalmente. Mas concordando com o Frederico, penso que contribuí para animar as conversas, porque este tipo de foruns são passatempos giros. O importante é nunca haver ofensas, insultos e coisas desse género, porque somos todos humanos e nos verdadeiros problemas da vida, tudo o resto como os hobbies, as tradições, as paixões, ficam para 2º plano.
De Bryan a 27 de Janeiro de 2008 às 23:21
O problema é que não foi um comentário simples. Foi um comentário depreciativoe nada construtivo!
Gostamos de comentários e especialmente se forem críticas, mas com algum sentido, não é largar a bomba a gozar com os sentimentos de um Grupo de Forcados só porque nos consideramos os Maiores!!
Considero-me se considerarei sempre o meu Grupo como o maior e sempre irei ensinar aos meus Filhos ao se sentirem os MAiores e os Melhores, só assim podem vencer todas as Batalhas.
E sou Humilde e o meu grupo é sempre Humilde a dizer que estivemos mal nesta ou naquela Situãção. E por isso mesmo somos os MElhores. Admitimos onde estamos mal para treinar mais e da próxima estar melhor.
MEsmo que não vencamos a Batalha, iremos sempre ganhar a Guerra!!
Obrigado pela tua presença no nosso Blog espero um dia nos encontrarmos numa qualquer praça deste país e comemorar umas boas pegas de ambos os Grupos.

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