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Quantos de nós antes de cada corrida não sentimos a «barrigas ás voltas», as mãos suadas, os músculos tensos? Quem é que nunca teve insónias taurinas? Eu já...
Vou aproveitar esta batata para falar sobre ansiedade, se é boa, se é má, vamos lá ver o que sai.
ANSIEDADE
A Ansiedade é um estado emocional desagradável de medo ou apreensão, quer na ausência de perigo ou ameaça identificável, quer quando a mesma alteração emocional é claramente desproporcionada em relação à intensidade real do perigo. Caracteriza-se por uma grande variedade de sintomas somáticos, como tremuras, hipertonia muscular, inquietação, hiperventilação, sudações, palpitações, etc. Aparecem também sintomas cognitivos como apreensão e inquietação psíquica, hipervigilância e outros sintomas relacionados com a alteração da vigilância (distraibilidade, perda de concentração, insónias). A perturbação por ansiedade generalizada caracteriza-se por um sentimento de ansiedade de teor persistente e generalizado, acompanhada de uma sensação de tensão e de dificuldade em relaxar, bem como, visão enevoada, securas na boca, transpiração excessiva, náuseas, pontadas abdominais, palpitações, dificuldades em concentrar-se, irritabilidade, dores de barriga e perturbações no sono. Reconhecem alguns sintomas? Não se preocupem que ainda não é desta que têm de ir ao Raimundo!
As corridas de toiros exercem uma influência decisiva sobre o comportamento emocional do ser humano. A prontidão para a máxima performance ou para se fazer o melhor - deve ser uma das virtudes do forcado, virtude esta que pode ser extremamente abalada diante de um quadro de ansiedade psicológico. (Se quiserem podem chamar «toiro» a este quadro de ansiedade...)
O estado psicológico do forcado é factor determinante para o êxito na pega, pois toda acção mecânica relaciona-se directamente com estado emocional do indivíduo.
Assim, o sucesso da pega dependerá não apenas da preparação dos aspectos físicos (força, velocidade, resistência, flexibilidade, coordenação), mas também dos aspectos mentais (concentração, auto-estima, motivação, ansiedade).
Na nossa tão Portuguesa arte de pegar toiros, a preparação física é fundamental, mas muitas vezes o que faz a diferença entre o pegar à primeira ou não, é o estado emocional do forcado ou do grupo. Portanto, o estado psicológico óptimo é necessário para se poder atingir o sucesso Mas, afinal, qual seria o estado psicológico óptimo do forcado?
Fazendo um transfer da psicologia do desporto para as corridas de toiros, podemos dizer que os forcados apresentam três estados psicológicos:
Uma vez mais quero agradecer tudo aquilo que o GFACR tem feito por mim neste últimos 5 anos, sem dúvida que com o vosso apoio me tornei um melhor ser humano.
E a batata vai para...
Vai para uma das pessoas que me trouxe para o grupo e com quem tive o privilégio de morar 4 anos... Dr. Bryan H. Ferreira, a batata é sua!
Desejo-vos tudo de bom.
Um grande abraço,
Diogo Ornelas
Rodrigo percorria as bancadas com os olhos, o sol de verão queimava-lhe gentilmente o rosto. A praça estava quase cheia, típico num 15 de Agosto.
Os berros do cavaleiro despertaram-no. Tentava colocar o touro mas este não estava com vontade de colaborar. Não admira pensou Rodrigo com este calor também não lhe apetecia grandes esforços.
- Que porcaria de manso! - rosnou alguém a seu lado.
O cavaleiro encolhendo os ombros dirigia-se para a saída, ia explicando com mímicas ao público que o touro não dava para tourear. Também não lhe apetecia grandes esforços pelos vistos.
O cabo do grupo, apanhado de surpresa, começou apressadamente a distribuir as posições. Já não tinha tempo para aquele ritual de passar três vezes por todo o grupo, sorrindo e tentando ler nos olhos a disponibilidade de cada um.
Semi-parou em frente de Rodrigo olhou-o nos olhos e atirou: - Segundas!? era um misto de pergunta e de afirmação, ninguém contesta a decisão do cabo e muito menos diz que não. Todos têm de estar preparados para tudo.
Os elementos escolhidos davam um passo em frente e começavam a fingir que aqueciam os músculos e as articulações. Aqueles eram já movimentos mecanizados, uma espécie de ritual a que Rodrigo também não se furtou. Pelo sim, pelo não mais valia fazer o aquecimento.
Olhou para o lado e viu o cabo abraçado ao Nuno enquanto este agarrava o barrete. Uma boa escolha pensou Nuno era já um veterano, como o indicava a barriguinha de trintão que começava a aparecer por detrás da cinta, mas era ainda o forcado da cara mais eficaz do grupo.
Nuno passou pelo grupo recebendo incentivos e palmadas nas nalgas. Rodrigo sempre achou aquilo das palmadas um bocado gay mas era outro ritual e "slap" deu-lhe também uma colocando-se depois atrás dele e dos elementos escolhidos que apressadamente se dirigiam para a esquerda do director de corrida.
Passaram pelo outro grupo que também os incentivou. Raramente eram o grupo mais antigo em praça e como tal colocavam-se à direita do director deslocando-se depois para a frente do outro grupo para saltarem para a praça.
O peão de brega tentava colocar o touro no canto oposto à porta dos curros conforme o cabo lhe tinha indicado mas não estava a ter muito sucesso. Parecia uma bailarina de volta do touro abanando-lhe o capote à frente do focinho.
- Baixa-lhe a cabeça gritou à sua esquerda Pedro, que nesta pega ia rabujar.
Rodrigo calculou as distâncias para saltar. Não havia nada menos prometedor do que levar com um pé na cara e aterrar de queixo na praça. À sua direita estava o outro segunda Manolete, velho parceiro de borga, sorriu e disse-lhe em jeito de incentivo: - bora lá!
No canto oposto aos curros o peão de brega deixava o capote ser-lhe arrancado das mãos e saltava as tábuas para não ser agarrado pelo touro. Tudo normal pensou Rodrigo. O público que batia palmas ao grupo riu-se nervosamente do salto do peão de brega que se safava por centímetros de uma cornada.
Ouviu-se então a corneta mandando o grupo saltar para a praça.
Rodrigo benzeu-se, colocou as duas mãos nas tábuas e atirou as pernas para o outro lado. O grupo aterrou todo ao mesmo tempo. O outro lado das tábuas era outro mundo. Ali já não se ouvia o público, naquele palco eram apenas eles e o touro.
O grupo colocou-se todo muito junto das tábuas, terceiras, rabejador, segundas e primeira todos em apenas 5 metros. Era sempre a corrida mais importante para o grupo e iam dar vantagens ao touro. No centro da praça Nuno começava a brindar ao público.
Ninguém podia adivinhar o que iria acontecer.
Fim do primeiro capítulo
(A Batata Quente passa para um míudo que tem estado a pegar muito bem este ano nos treinos, o Xavier)
II CAPÍTULO
Rodrigo concentrou-se e tentou adivinhar qual seria o comportamento do touro. Pelo pouco que tinha visto do touro parecia que não se tinha entregue muito à lide do cavaleiro, por isso ou iria arrancar-se a muito custo tendo Nuno de o ir sacar quase junto às tábuas aguentando depois uma viagem com o touro a tentar sacudir o forcado, ou então o touro ficaria sempre a defender-se junto às tábuas dando apenas uma mangada para tirar o forcado da cara.
Qualquer uma das perspectivas não era muito agradável para Nuno e para o grupo.
Mas isto não eram certezas matemáticas, nunca se sabia bem como o touro se ia comportar e Rodrigo pouco tinha visto do touro já que passara maior parte do tempo à procura de alguém nas bancadas.
- Bolas, devia ter estado com mais atenção ao touro pensou Rodrigo.
Atrás de si Pedro, o rabejador, baixava-se para apanhar areia. Rodrigo e Manolete estavam juntos de frente tentando-se esconder por detrás de Sousa o primeira ajuda, enquanto esticavam o pescoço para os lados para tentarem ver o touro.
- Tenho impressão que vai ser uma bela bomboca disse Manolete.
- Ná, vai ser mel vais ver. mentiu Rodrigo.
À frente do primeira, Nuno enterrava o barrete gasto pela cabeça abaixo deixando apenas os olhinhos de fora. Também ele sabia da bomboca que tinha pela frente. Era o sexto sentido de 12 anos de forcado com algumas idas ao hospital e várias costelas partidas. Mas tinha a esperança de conseguir fazer o touro arrancar-se das tábuas para depois o pegar enquanto o trazia consigo a recuar.
Nuno bateu as palmas e citou Toiro Toiro! atrás de si os ajudas mexiam-se nervosamente.
A praça escondeu-se em silêncio.
Não teve de citar mais nenhuma vez. O Touro que se encontrava distraído com o capote do peão de brega, voltou-se ao ouvir tal ruído e arrancou lesto, cauda na horizontal, focinho levantado e cornos no ar. 550 quilos de massa bruta em movimento.
Sousa abriu automaticamente os braços e avançou. Nuno surpreendido com o arranque do touro deu um pequeno passo e carregou o touro para o fixar Toiro.
Pedro, o rabejador, empurrava Rodrigo e Manolete para a frente enquanto gritava: - Vem aí, já vem aí!!
Com o passar dos anos Rodrigo já conseguia ver a pega cada vez mais devagar. Ao princípio parece que tudo acontece em menos de um segundo. O Touro arranca, vê-se um amalgamado pouco claro de pernas e braços a vir e tenta-se agarrar o que lá vier. Depois vai-se conseguindo perceber melhor o que se passa e ajudar melhor, compensar o forcado da cara se ele vier com as pernas soltas, etc.
Só que este touro vinha em fast-forward
Fim segundo capítulo
Caros Amigos e Leitores,
Numa altura em que já todos nós pensamos na nossa primeira corrida da época, na Benedita, agradeço ao nosso amigo Nuno Vinhais por me ter passado a Batata Quente.
Se há dia que não esquecerei, é o dia em que sem conhecer ninguém do Grupo sabendo apenas que haveria treino nas Caldas da Rainha lá fui eu à procura da oportunidade de treinar e tentar entrar no Grupo, sem ter noção do que estava para além de pegar toiros.
Hoje em dia é para mim um enorme prazer e orgulho pertencer ao GFACR. Neste maravilhoso grupo encontrei acima de tudo uma escola que se baseia e fundamenta na Carta Nobre do Grupo de Forcados Amadores de Caldas da Rainha e que cultiva entre outros os nobres valores da amizade, do respeito, da união e da verdade, que defende a nossa identidade e tradições portuguesas e nos prepara para enfrentar certos obstáculos que por vezes a vida nos impõe. Felizmente por já cultivar alguns destes valores penso que tornou muito mais fácil a minha adaptação ao Grupo.
Se outro dia há que não esqueço, foi a primeira vez que me fardei. Nesse dia e ao envergar a Jaqueta do nosso Grupo senti (e continuo a sentir) não só a confiança depositada em mim, mas também o esforço, empenho e dedicação de todas as pessoas que permitiram que eu estivesse ali a viver aquele momento. O meu muito obrigado e um bem-haja a todas essas pessoas!
Em traços gerais ser Forcado do GFACR é algo que não consigo explicar totalmente por palavras porque há coisas que não se explicam, sentem-se!
É estar-se consciente que há princípios, que há um nome e uma Jaqueta de ramagens para defender e honrar.
É estar preparado para alguns gestos de puro estoicismo em nome da amizade e de uma enorme paixão pelo Grupo.
É ter a certeza que nenhum toiro irá vivo para dentro enquanto houver um forcado do GFACR de pé.
É pegar um toiro nunca recuando um pé que vai à frente e sair de praça com uma humildade impressionante.
Falando agora da presente época tenho constatado a motivação e preparação da rapaziada, tanto a nível psicológico como físico. Para além disso o Grupo poderá mais uma vez contar com a muita experiência de alguns forcados mais velhos (que pegam alguns desde a fundação do grupo e são para mim referências), e a vontade de outros mais novos em conseguir as suas oportunidades. Mas acima de tudo, todos juntos, mais velhos e mais novos, activos e não activos, vamos continuar a dar o nosso máximo contributo para e pelo Grupo, e com certeza no final o balanço será muito positivo.
Rapaziada vamos aproveitar bem o próximo treino que é o último, e na temporada que aí vem vamos mostrar toda nossa garra associada a toda a nossa arte.
Da minha parte podem contar comigo para tudo, dentro e fora de praça, é sempre a "bombar" na procura de mais e melhor para este nosso "Grupo de amigos que por acaso pega toiros".
"Antes quebrar que vergar", é o espírito!
Para esta época desejo a maior sorte e que tudo nos corra pelo melhor.
Grande Abraço,
E o próximo a andar à Batatada vai para o nosso amigo João Frade "Jota"